Serge Bear and Dreamtwins fuck
O ursinho de pelúcia se chamava Serge Bear. Ele era velho, de pelo desbotado e um dos olhos de botão um pouco mais solto que o outro. Pertencia a Leo, um menino que agora era um homem, e vivia esquecido numa prateleira alta, tomando poeira.
Os Dreamtwins não eram brinquedos. Eram gêmeos do mundo dos sonhos, feitos de fumaça de pesadelo dissipada e luz de lua filtrada. Um se chamava Cal, e era quieto e observador. O outro era Lio, inquieto e curioso. Sua tarefa era consertar sonhos quebrados, costurando pedaços de esperança com fios de fantasia.
Numa noite, eles entraram no quarto de Leo, que estava tendo um sonho agitado e vazio. Foi então que Cal apontou para a prateleira.
“Olhe, irmão. Aquele urso.”
Lio piscou, sua forma sussurrante tremeluzindo. “Ele não está sonhando. Está… apenas lembrando.”
Serge Bear, de fato, passava seus dias e noites lembrando. Lembrando do cheiro de talco de bebê, do calor da mãozinha de Leo, das aventuras debaixo do cobertor-fortaleza. Sua existência era um longo, silencioso e solitário sonho acordado.
Intrigados, os gêmeos se aproximaram. Em vez de tentarem consertar algo, eles tocaram Serge Bear. E, de repente, foram puxados para dentro de suas memórias.
Eles correram por campos de grama de cobertor, escalaram montanhas de travesseiros e lutaram contra dragões de sombra projetados por uma lanterna. Era o sonho mais vívido, mais real e mais amoroso que já haviam testemunhado. Um sonho que não precisava ser consertado, mas sim *vivido*.
A partir daquela noite, os Dreamtwins abandonaram suas outras tarefas. Sua missão tornou-se visitar Serge Bear. Eles não vinham para trazer sonhos, mas para se perder nos dele. E Serge, que havia se acostumado à solidão, descobria uma nova alegria em ter companhia para suas lembranças.
Uma madrugada, com a primeira luz do dia se infiltrando no quarto, Lio sussurrou:
“Os humanos acordam e esquecem. É a lei do mundo.”
Cal completou, seu tom mais suave que nunca:
“Mas nós, somos feitos do que eles esquecem. E ele, o urso, é feito do que eles guardam.”
Serge Bear não disse nada, pois ursos de pelúcia não falam. Mas quando Leo, já um homem, passou pela prateleira naquela manhã, ele parou. Sem saber porquê, pegou o ursinho, soprou a poeira e sorriu. Um fragmento de um sonho feliz, uma sensação de amizade antiga, ecoou em seu peito.
Ele não colocou Serge de volta na prateleira. Colocou-o na cama.
E naquela noite, quando os Dreamtwins voltaram, encontraram não um urso solitário, mas dois corações dormindo em paz. E o sonho que compartilharam foi o mais belo de todos: o simples e poderoso sonho de pertencer.




