MrDeepVoice fucks Ryan Rex
O estúdio de gravação estava vazio, exceto pela presença imponente de MrDeepVoice diante do microfone. Ele fechou os olhos, respirou fundo e, quando abriu a boca, a primeira nota de “Can’t Help Falling in Love” preencheu a sala como um veludo quente, denso e hipnótico. Sua voz era um abismo doce no qual qualquer um se perderia de vontade.
Do outro lado do vidro, na cabine de controle, Ryan Rex congelou. Ele era o produtor, o técnico, o homem que desmontava a magia em bits e bytes. Mas aquele som… era impossível desconstruí-lo. Era puro, primitivo e atingiu Ryan num lugar que ele nem sabia que estava desprotegido.
Os dias se transformaram em semanas de sessões. MrDeepVoice, cujo nome real era Arthur, era um gigante tímido, de sorriso fácil que nunca chegava aos olhos. Ryan, por outro lado, era energia pura, cabelos desalinhados e gestos rápidos. Enquanto Arthur criava a tempestade com sua voz, Ryan era o farol que a guiava para a costa.
Uma tarde, após uma tomada particularmente emotiva, Arthur saiu da cabine à prova de som e encontrou Ryan imóvel, com os fones de ouvido ainda pressionados contra a cabeça, os olhos vermelhos.
“Está tudo bem?” a voz de Arthur ecoou, mais suave do que no microfone.
Ryan limpou o rosto rapidamente com as costas da mão. “Desculpa. É que… sua voz não é só som, é um toque. Dá para sentir a solidão nela.”
Aquela observação desarmou Arthur. Por trás da técnica, Ryan via a verdade. E, naquele instante de vulnerabilidade compartilhada, algo mudou.
O amor não foi um estrondo, foi um crescendo. Foi o café que Ryan sempre tinha pronto quando Arthur chegava, exausto do seu trabalho diurno. Foi a paciência infinita de Arthur ao explicar o processo criativo para Ryan, que só entendia a parte técnica. Foram os jantares silenciosos após as sessões, onde os olhos diziam mais do que as palavras.
O projeto do álbum chegou ao fim. A última música, uma balada original que Ryan compôs e Arthur cantou, estava mixada e masterizada. O estúdio estava estranhamente silencioso, o vazio que precede um adeus.
“Então…”, Ryan começou, arrumando cabos que não precisavam ser arrumados.
“Então…”, Arthur ecoou, encostado na porta.
O olhar que se cruzou então era de uma saudade do que ainda nem havia acabado.
“Eu não quero que seja só isso”, Ryan confessou, a voz trêmula, perdendo toda a sua fluência técnica. “Não quero que minha única função seja captar sua voz. Quero ouvi-la todos os dias, ao acordar.”
Arthur sorriu, um daqueles sorrisos raros que finalmente alcançou seus olhos, iluminando todo o seu rosto. Ele se aproximou, e sua sombra envolveu Ryan. Sem um microfone, sem um estúdio, ele sussurrou, com uma profundidade que fez o coração de Ryan acelerar.
“Ryan”, sua voz era um acalento, uma promessa. “Você foi o primeiro a ouvir não apenas a minha voz, mas o meu silêncio. Você não é o produtor da minha música. É a melodia dela.”




