Rico Marlon and Piroka Veiuda (betobaianoemsp) flip fuck

Rico Marlon era um forró em pessoa. Nascido e criado no interior da Bahia, havia se mudado para São Paulo em busca de oportunidade, mas sem perder seu jeito desacelerado e seu sotaque carregado. Trabalhava como cozinheiro em um boteco, e suas mãos, mais acostumadas a plantar mandioca, agora temperavam o melhor acarajé da cidade. Sua conta, @betobaianoemsp, era um diário divertido de suas desventuras paulistanas, cheio de saudosismo e alegria genuína.

Piroka Veiuda era o oposto. Herdeira de uma família tradicional, ela era a gestora de uma famosa república universitária, um lugar de bagunça organizada, festas épicas e tradições centenárias. Seu nome era temido e respeitado. Ela usava ternos impecáveis, falava rápido e andava mais rápido ainda, apagando incêndios diários entre os moradores. Sua vida era uma planilha de Excel e um caos controlado.

Seus mundos colidiram no meio da rua. Piroka, correndo para resolver um problema na república, derrubou sem querer a bandeja de acarajés que Rico levava para uma encomenda. Os bolinhos de dendê se espalharam pelo asfalto.

— Minha Nossa Senhora! — ele exclamou, mais em susto do que em raiva.
— Meu Deus, desculpa! Eu pago tudo, juro! — disse Piroka, já puxando a carteira, o celular na outra mão tocando sem parar.

Em vez de se irritar, Rico deu uma risada.
— O sinal de São Pedro tá forte hoje, moça. Ele não queria que a gente se encontrasse de jeito nenhum.

Aquela calma no olho do furacão fascinou Piroka. Enquanto ela resolvia uma ligação, ele, tranquilamente, começou a recolher a bandeja vazia, assobiando um forró pé-de-serra.