Joshe and Charlie – threesome with Reece Hunk

O apartamento de Josh era um santuário da ordem. Livros organizados por cor na estante, cafés marcados na agenda das 7h, 12h e 15h, e o silêncio como trilha sonora permanente. Ele era um arquiteto que desenhava linhas retas para a vida, acreditando que a beleza estava na previsibilidade.

Charlie era o oposto de uma linha reta. Era um redemoinho de cores e sons que se mudou para o apartamento ao lado. Josh ouvia, através da parede fina, o ruído constante de uma existência vivida em alto e bom som: o raspar de uma faca na tela, o som do liquidificador às 2h da manhã para um “smoothie inspirado”, o eco de risadas altas e despreocupadas.

A primeira interação foi um desastre. Josh, de olheiras profundas, bateu à porta de Charlie às 3h da manhã de uma quarta-feira.

— “Há um limite de ruído no regulamento do condomínio,” disse ele, segurando uma cópia impressa do referido documento.

Charlie abriu a porta com uma mancha de tinta azul no rosto e um headphone fone de ouvido repousado no pescoço, de onde saía um leve som de jazz.

— “Tá bom, vizinho. Desculpa aí. Tava no fluxo criativo, você sabe como é?” Ele piscou, como se “fluxo criativo” fosse uma explicação universalmente aceita.

Josh não sabia. Ele voltou para seu apartamento, mas o cheiro de tinta a óleo e de algo doce assando o seguiu pelo corredor.

Os desastres continuaram. Charlie batia na sua porta para pedir uma xícara de açúcar e acabava ficando uma hora falando sobre a teoria das cores. Devolvia o açúcar com um biscoito estranhamente formatado e delicioso. Deixava pequenos rabiscos em guardanapos de papel sob a porta de Josh – um pássaro, um coração, um sol com óculos de sol.