Evan Peix fucks Viggo Sorensen (Daniel Knight)

Evan Peix odiava o silêncio. Para ele, o mundo só fazia sentido quando preenchido com o som de sua respiração ofegante durante a corrida ou com o ruído da cidade através do seu fone de ouvido. Talvez por isso ele tenha se sentido tão atraído pelo apartamento número 302. Ele ficava exatamente acima do “Café Noturno”, onde todas as noites um pianista vin tocar.
E não era um pianista qualquer. Era Viggo Sorensen.
Para o mundo, Viggo era Daniel Knight, um pseudônimo que soava mais forte e imponente. Sob esse nome, ele compunha trilhas para filmes que ninguém assistia, mas que tinham uma beleza melancólica e solene. Para Evan, porém, ele era apenas o homem das mãos mágicas que transformava as noites de domingo em algo sagrado.
Evan começou a frequentar o café todas as semanas, sempre sentado no mesmo canto, pedindo o mesmo chá de camomila. Ele não vinha pela bebida, mas pelos acordes. E, secretamente, pela visão da nuca de Viggo, seus ombros relaxados enquanto se perdia na música.
Uma noite, porém, a música parou. Viggo – ou Daniel – simplesmente ficou olhando para as teclas, suas mãos imóveis. O silêncio tomou conta do café, pesado e constrangedor. Evan, sem pensar, se levantou e se aproximou.
“Está tudo bem?” sua voz saiu mais suave do que ele imaginava.
Viggo ergueu os olhos. Eles eram de um azul desbotado, cansados. “A nota certa fugiu de mim hoje”, ele disse, com um sotaque suave que Evan não conseguiu identificar.
“Talvez ela só precise de um pouco de silêncio para ser encontrada”, Evan respondeu, surpreso com sua própria poesia.
Aquele foi o início. Um convite para um café depois do expediente, que se tornou caminhadas noturnas pela cidade adormecida. Evan descobriu que Viggo era uma composição de camadas: a camada externa, Daniel Knight, era polida e um pouco distante. A interna, Viggo, era tímida, observadora e carregava uma dor suave pela perda do irmão, uma perda que ele tentava curar através da música.
Viggo, por sua vez, descobriu que Evan não era apenas movimento. Por trás da energia incessante, havia um ouvinte nato, alguém que via o mundo em detalhes – o modo como a luz da manhã batia nos prédios, a expressão no rosto de um estranho na rua. Evan era a percussão para a melodia de Viggo.
O amor não foi dramático. Não houve declarações grandiosas. Foi crescendo no espaço entre um ensaio e outro, nas xícaras de chá compartilhadas, no toque casual de mãos ao passar o açúcar. Foi no dia em que Viggo compôs uma pequena peça apenas para Evan, chamada “Corredor de Amanhecer”. E foi no dia em que Evan, que nunca parava, parou por uma hora inteira apenas para ver Viggo dormir, achando aquela paz a coisa mais bonita que já tinha visto.
Certa vez, em um raro momento de vulnerabilidade, Viggo sussurrou contra o ombro de Evan: “Às vezes tenho medo de que Daniel Knight engula o Viggo Sorensen de vez.”
Evan o abraçou mais forte. “Não vai. Porque eu me apaixonei pelo Viggo. Suas músicas podem ser do Daniel, mas o silêncio entre as notas… esse é todo seu. E é nele que eu quero morar.”