Erick Dot and Markin Wolf fuck

O vento cortante do inverno sibilava entre os pinheiros da Floresta de Prata, carregando o cheiro de neve e solidão. Era nesse refúgio congelante que Erick Dot, um artesão de relógios de sol e mecanismos delicados, vivia. Suas mãos, habilidosas para criar engrenagens que capturavam a luz, eram ineptas para forjar calor humano. Sua vida era um ciclo silencioso: madeira, metal e o tique-taque constante de suas próprias criações.
Tudo mudou na noite em que a tempestade rugiu com fúria inédita. Entre o uivo do vento, um som diferente chegou aos seus ouvidos: um gemido profundo, carregado de dor e desespero. Seguindo o som, Erick encontrou, à beira da morte sob um carvalho retorcido, uma figura imponente. Era Markin Wolf. Seu corpo musculoso estava marcado por feridas profundas, e seus olhos, de um âmbar intenso, brilhavam com uma centelha selvagem e ferida. Ao seu redor, pedaços de uma armadura negra jaziam quebrados, e mesmo ferido, havia uma dignidade feroz em sua postura.
Sem hesitar, Erick carregou o estranho para sua cabana. Enquanto cuidava dos ferimentos, descobriu que Markin não era um simples guerreiro. Ele era o último de uma linhagem de guardiões, os Lupos de Aether, condenado a uma maldição que o mantinha entre a forma humana e os instintos de uma fera. As cicatrizes não eram apenas de batalhas, mas da luta interna contra a besta que habitava seu sangue.
Markin, acostumado à desconfiança e ao medo, estranhou a quieta gentileza de Erick. O artesão não fazia perguntas, apenas oferecia chá de ervas, sopa quente e o som reconfortante de seus relógios. Erick, por sua vez, sentiu-se fascinado pela força contida de Markin, pela história silenciosa em seus olhos e pela vulnerabilidade que ele, aos poucos, revelava.
As semanas se transformaram em meses. Markin se recuperou, mas não partiu. Ensinou a Erick a ler os rastros na neve, a ouvir a linguagem secreta da floresta. Erick, em troca, mostrou a Markin a beleza da paciência, a arte de montar peças minúsculas para criar um todo harmonioso. Ele fez para Markin um pequeno lobo de madeira, com engrenagens tão precisas que ele parecia respirar.
Foi numa tarde tranquila, com o sol fraco filtrando-se pela janela, que a barreira final caiu. Erick, ajustando o mecanismo do lobo de madeira, disse sem olhar para Markin: “Você não precisa ter medo de si mesmo aqui.”
Aquela simples frase, carregada de uma aceitação que Markin nunca conhecera, quebrou algo dentro dele. Ele se aproximou, sua presença grande e quente enchendo o espaço ao redor de Erick. As mãos calejadas do guerreiro, que antes empunhavam espadas, envolveram as mãos delicadas do artesão, ainda segurando a pequena escultura.
“Erick,” sussurrou Markin, sua voz um rosnado suave. “Você consertou mais do que meus ossos. Você acalmou a tempestade dentro de mim.”
Quando seus lábios se encontraram, não foi um beijo de fogo, mas de paz. Era o silêncio após a nevasca, o calor do sol no primeiro dia de primavera. Era a peça que faltava no mecanismo de ambos os corações, fazendo com que finalmente batessem no ritmo certo.
Eles sabiam que o mundo lá fora ainda temeria Markin Wolf. Sabiam que a maldição era uma sombra que nunca se iria completamente. Mas naquela cabana à beira da floresta, entre o tique-taque dos relógios de sol e o calor compartilhado de dois corações, um artesão e um lobo encontraram não um refúgio, mas um lar. E juntos, eram mais fortes do que qualquer tempestade, seja de neve, seja de sangue.