Diego Barros (dibarros1) – Fucking a guy at the beach while cruising

O velho sítio do vô Estêvão era o refúgio de Diego Barros. Enquanto seus amigos na cidade viviam de olho em telas, ele preferia o cheiro de terra molhada e o som do vento nos eucaliptos. Foi durante uma dessas fugas que ele ouviu o rumor.
Um “puto no mato”.
Os mais antigos da região usavam a expressão para descrever uma pessoa arredia, um solitário que vivia escondido na mata fechada. Diego sempre imaginara uma figura misteriosa, talvez um velho rabugento. Até que um dia, viu.
Um jovem, não muito mais velho que ele, com cabelos escuros e desalinhados e olhos cor de âmbar que pareciam captar cada movimento na floresta. Estava parado à beira do riacho, imóvel como um tronco caído, observando Diego com uma intensidade que quase o fez tropeçar.
O coração de Diego deu um salto. Antes que ele pudesse dizer uma palavra, o jovem desapareceu entre as árvores, silencioso como um fantasma.
A partir daí, foi uma obsessão. Diego voltava ao mesmo lugar todos os fins de semana, deixando oferendas inocentes: uma maçã vermelha, um livro de poesias de Manoel de Barros, uma pedra lisa e branca que achara no leito do rio. As oferendas sempre sumiam.
O silêncio era a única resposta. Até que, numa tarde de chuva fina, Diego escorregou num barranco, torcendo o tornozelo com um grito de dor abafado. Ele estava sentado na lama, sentindo-se ridículo e machucado, quando uma figura emergou da cortina de chuva.
Era o “puto no mato”.
Sem dizer uma palavra, o jovem se agachou, examinou o tornozelo de Diego com mãos surpreendentemente suaves e, com um gesto firme, o pôs em pé, servindo-lhe de apoio. Caminharam em silêncio até uma cabana simples, escondida por um véu de trepadeiras. Lá dentro, o jovem fez uma compressa com ervas que cheiravam a terra e menta.
“Rafael,” o jovem disse, finalmente, sua voz era um sussurro rouco, como se não fosse usada há muito tempo. “Meu nome é Rafael.”
“Diego,” ele respondeu, perdido naqueles olhos âmbar.
Rafael não era um eremita rabugento. Era um artista. As paredes da cabana eram cobertas por esculturas feitas de galhos, raízes e pedras, formas que pareciam capturar a própria alma da mata. Ele havia fugido de uma cidade que o engolia, buscando um silêncio que não fosse vazio, mas pleno de significado.
Diego, com sua vida dividida entre a pressão da cidade e a paz do sítio, entendeu perfeitamente.
As visitas de Diego tornaram-se regulares. Ele trazia suprimentos da cidade; Rafael mostrava os segredos da floresta. O silêncio entre eles era um tecido confortável, mas as palavras, quando vinham, eram densas e preciosas. Diego aprendeu que se pode encontrar uma família em um par de olhos que o encara sem julgamento, e um lar no calor de uma mão callosa entrelaçada na sua.
O amor deles não era para ser anunciado. Não havia fotos ou declarações públicas. Era um acordo secreto entre a mata e o céu, testemunhado pelos veados e cantado pelos sabiás.
Certa tarde, sentados no alpendre da cabana vendo o sol se pôr, Diego inclinou a cabeça no ombro de Rafael.
“Então era você,” sussurrou Diego, “o tal puto no mato.”
Rafael riu baixo, o som era como o farfalhar de folhas secas.
“E você era o puto da cidade,” ele respondeu, seu braço envolvendo os ombros de Diego com uma familiaridade que era tanto posse quanto proteção. “Acho que nos encontramos.”