Jeriko Leon (leonjeko) fucks Khai Victor (xkhaivictor)

O vento soprava frio pelas ruas de Paris, mas Jeriko Leon não o sentia. Enfiado em seu casaco longo, ele caminhava em direção ao seu refúgio: uma pequena livraria escondida em um beco perto do Sena. Era um lugar que cheirava a papel antigo e promessas, seu porto seguro desde que se mudara para a cidade, um escultor cujas mãos moldavam a beleza, mas cujo coração carregava um peso silencioso.
Ao empurrar a porta, um sino tilintou suavemente. E foi então que ele o viu.
Khai Victor estava encostado em uma escada de biblioteca, alcançando um volume de Rilke na prateleira mais alta. A luz suave do abajur dançava em seus cabelos escuros e iluminava seu perfil concentrado. Quando desceu, seus olhos, da cor de um céu de outono, encontraram os de Jeriko. Não foi um terremoto, nem um furacão. Foi o silêncio súbito após o último acorde de uma canção, o instante em que o mundo para para respirar.
“Posso ajudar?” Jeriko perguntou, a voz um pouco mais rouca do que o habitual.
Khai sorriu, um gesto fácil e caloroso que pareceu aquecer a livraria inteira. “Acho que já consegui. Rilke sempre sabe como falar diretamente à alma, não é?” Ele ergueu o livro. “Sobre o Amor.”
Jeriko sentiu algo despertar em seu peito, uma sensação há muito adormecida.
Aquele encontro casual tornou-se rotina. Khai, um pianista com dedos que extraíam emoções das teclas, começou a frequentar a livraria no mesmo horário. As conversas sobre livros transformaram-se em cafés compartilhados, longas caminhadas pela margem do rio e confissões sussurradas sob a luz dos postes.
Jeriko, acostumado a solidão do seu estúdio, descobriu a beleza da vulnerabilidade. Ele mostrou a Khai suas esculturas – figuras torcidas e angulares que falavam de sua luta interior. Khai, por sua vez, tocou para ele composições inéditas, peças cheias de luz e sombra que contavam histórias de viagens e saudade.
Khai era o caos organizado, a melodia inesperada. Jeriko, a forma sólida, a base silenciosa. Eles se encaixavam não por serem iguais, mas porque suas diferenças criavam um equilíbrio perfeito. Onde Jeriko era reservado, Khai era expansivo. Onde Khai era impulsivo, Jeriko era a âncora.
Uma noite, no estúdio de Jeriko, com a lua banhando de prata as esculturas inacabadas, Khai sentou-se ao piano e começou a tocar. Não era Rilke, nem nenhum outro poeta. Era uma melodia que ele havia composto naquele exato momento, um reflexo sonoro do que via nos olhos de Jeriko. Era uma música sobre encontrar um porto seguro, sobre a coragem de deixar alguém entrar.
Jeriko ouviu, e cada nota parecia esculpir um novo espaço dentro dele, um lugar onde a dor antiga não tinha mais vez. Quando a última nota se dissipou no ar, ele se aproximou, suas mãos calejadas pela argila e pela lida encontrando as mãos suaves de Khai, marcadas pelas teclas.
“Não preciso mais esculpir a beleza,” Jeriko sussurrou, sua testa encostando na de Khai. “Encontrei ela.”
Khai sorriu, seus olhos outonais brilhando. “E eu não preciso mais apenas tocar música. Encontrei a minha sinfonia.”
Naquela livraria, entre as páginas de histórias alheias, eles tinham escrito o primeiro capítulo da deles. Jeriko Leon e Khai Victor. O leão que encontrou coragem no amor e o vitorioso que descobriu que a maior vitória era ser aceito, exatamente como era. E juntos, na cidade luz, aprenderam que o amor não era uma escultura a ser concluída ou uma peça a ser perfeita, mas um dueto eterno, sempre em criação, sempre vivo.