Rico Marlon fucks Tonhao Fodas

O bar de Rico Marlon era um refúgio para almas perdidas e amantes do jazz. O ar cheirava a whiskey velho e madeira encerada. Era nele que Tonhao Fodás se escondia do mundo.
Tonhao não era um homem fácil. Seu apelido era uma herança de uma juventude turbulenta, de brigas e de uma casca grossa que ele carregava como uma carapaça. Ele era pedreiro, tinha mãos calejadas e um rosto marcado pelo sol e pela desilusão. Mas todas as noites, ele trocava a betoneira por um banco no canto mais escuro do bar, bebendo sua cerveja em silêncio e ouvindo o saxofone de Rico.
Rico Marlon era a antítese de Tonhao. Suave, com dedos longos que extraiam lágrimas do saxofone, e um sorriso fácil que acalmava até os corações mais inquietos. Ele era a alma do lugar, e sua música era o sangue que corria pelas veias daquela caverna escura.
Por meses, eles existiram em órbitas paralelas: o som e a fúria. Rico notara o homem de olhar pesado desde o primeiro dia. Havia uma solidão em Tonhao que a música de Rico parecia ser a única coisa capaz de tocar.
Uma noite, após um solo particularmente melancólico, Tonhao não aguentou. Aproximou-se do pequeno palco, suas mãos grossas apoiadas no balcão de madeira.
“Essa música…”, a voz de Tonhao era mais suave do que seu corpo sugeria, um sussurro áspero. “Parece que você está arrancando coisas que eu esqueci que estavam lá.”
Rico baixou o saxofone e sorriu, seus olhos brilhando na penumbra. “É o trabalho dela, Tonhao. Lembrar a gente do que dói, e do que um dia curou.”
A partir daquela noite, as conversas começaram. Breves no início, depois mais longas. Tonhao falava de sua vida dura, da traição que o deixou cético em relação ao amor. Rico falava de sua arte, da beleza que ele tentava capturar em cada nota, e de sua própria solidão, mascarada pela adoração do público.
A fúria em Tonhao começou a se dissolver, substituída por uma curiosidade tranquila. Ele começou a ver não apenas o músico, mas o homem por trás da música. E Rico viu, por trás da carapaça do “Fodás”, um homem leal e ferido, com uma capacidade imensa de amar que havia sido enterrada viva.
O amor não foi um furacão. Foi um nascer do sol lento e inevitável. Foi na mão de Tonhao, que um dia, com uma coragem que rivalizava com qualquer briga de sua juventude, cobriu a mão de Rico no balcão. Foi no sorriso de Rico, que pela primeira vez foi apenas para Tonhao, sem um palco ou um público.
Hoje, Tonhao ainda chega do trabalho com cimento sob as unhas, mas em vez de se esconder no canto, senta-se no balcão, ao lado do palco. E Rico, antes de começar seu primeiro set, encosta seu saxofone e se inclina para um beijo rápido, um segredo sussurrado entre o som e o que um dia foi fúria.
No bar de Rico Marlon, a música ainda é sobre dor e cura. Mas agora, para dois homens, é principalmente sobre um lar que eles construíram, nota a nota, tijolo a tijolo.