Aiden Ward and Jackson Reed again

O antigo armazém à beira do rio abrigava o estúdio de Jackson Reed, um caos organizado de telas, tintas e esculturas de metal retorcido. Jackson, com as mãos sempre manchadas de tinta e um olhar intenso, era uma tempestade de criatividade. Ele criava beleza a partir do que o mundo considerava lixo.
Do outro lado do corredor, no escritório minimalista de vidro e aço, trabalhava Aiden Ward. Consultor de negócios, Aiden era a personificação da ordem: trajes impecáveis, agenda sincronizada ao segundo, um mundo de planilhas e lógica. Ele via a arte de Jackson como um mistério barulhento e intrigante.
Seus mundos colidiam nos degraus de concreto do prédio, onde ambos faziam uma pausa para o café—Jackson, sempre um expresso duplo e rápido; Aiden, um capuccino com canela, saboreado com paciência. Os cumprimentos foram evoluindo de acenos formais para comentários.
“Outro quadro azul, Reed?”, Aiden perguntou certa manhã, um leve sorriso nos lábios.
“É o azul da nostalgia, Ward. Algo que seu gráfico de lucros não captura”, Jackson retrucou, sem maldade.
A dinâmica era clara: o artista impulsivo e o analista metódico. Mas Aiden começou a ficar depois do horário, observando Jackson trabalhar através da porta de vidro. Havia uma paixão crua naquele caos que sua vida ordenada não possuía.
Uma noite, encontrou Jackson encostado na parede do corredor, o rosto pálido. Uma grande encomenda havia cancelado, ameaçando seu aluguel.
“Preciso de um milagre, Ward. Ou de um contador que goste de arte abstrata”, disse Jackson, com uma risada amarga.
Aiden não disse nada. Na manhã seguinte, apareceu no estúdio com sua prancheta digital. “Vamos lá. Mostre-me seu portfólio. E seus custos.”
Nas semanas seguintes, Aiden reorganizou as finanças de Jackson, criou um site e encontrou novos clientes. Jackson, em troca, mostrou a Aiden como misturar cores, como ver a história em um pedaço de metal enferrujado. Ensinou-lhe que a beleza nem sempre é simétrica.
O amor não foi uma declaração, mas uma conclusão silenciosa. Ficou claro quando Aiden tirou o paletó e ajudou a segurar uma tela grande, com as mãos limpas e certas finalmente sujas de tinta. Ficou claro quando Jackson parou no meio de um trabalho para preparar um capuccino para Aiden, polvilhando a canela com cuidado.
Numa tarde de sábado, com a luz do entardecer banhando o estúdio, Jackson pintava e Aiden lia num canto confortável.
“É estranho”, disse Jackson, baixinho, sem parar de pintar. “Minha arte sempre foi sobre expressar um turbilhão interno. Mas agora… agora é sobre capturar a paz que eu sinto quando você está aqui.”
Aiden fechou seu livro. Caminhou até a tela, onde Jackson havia pintado dois mundos distintos—um de caos colorido e outro de linhas ordenadas—que se fundiam no centro, criando uma nova e harmoniosa paisagem.
Sem uma palavra, Aiden pegou na mão de Jackson, a que segurava o pincel. E naquele estúdio cheio de histórias inacabadas, entre a lógica e o caos, eles encontraram uma verdade simples: o amor era a obra-prima mais perfeita que jamais fariam juntos.