Rico Marlon gets fucked by Lorenzo Michelluzzi

O sol de fim de tarde banhava o cais de Portobello em tons de mel e âmbar, um cenário perfeito para o caos que se instalou. Rico Marlon, com suas mãos calejadas de quem consertava redes de pesca há anos, viu o turista desastrado tropeçar em uma corda solta e quase mergulhar nas águas verdes do Mediterrâneo.
Foi um reflexo. Rico esticou o braço, agarrou o homem pela cintura e o puxou de volta com um solavanco. O estrangeiro, mais alto e vestindo um linho imaculado que agora ostentava uma nódoa de graxa, corou de um vermelho intenso.
“Meu Deus, obrigado! Eu… eu sou um desastre ambulante”, gaguejou o homem, ajustando os óculos. “Lorenzo Michelluzzi.”
“Rico Marlon. E é verdade, você é um desastre”, disse Rico, com um sorriso que teimava em aparecer. “Mas a água está fria hoje. Salvei você de um resfriado, pelo menos.”
Lorenzo riu, um som claro que se misturou com o chilrear das gaivotas. Ele era um historiador da arte, veio de Florença para estudar os azulejos da igreja local. Rico era a âncora daquele lugar, conhecia cada pedra da calçada, cada história dos barcos balançando suavemente.
O que começou com Rico oferecendo-se para ser o guia “antitropeços” de Lorenzo, tornou-se uma rotina diária. Eles caminhavam pela orla; Lorenzo falava de séculos de história com um brilho nos olhos, e Rico apontava os segredos que não estavam nos livros: onde o pão era mais crocante, qual velho marinheiro tinha as melhores histórias de tempestades.
Rico, acostumado a uma vida de simplicidade e trabalho duro, se via encantado com a mente intricada e passionista de Lorenzo. Lorenzo, por sua vez, que vivia imerso no passado, se sentia incrivelmente presente ao lado de Rico, ancorado pela sua sinceridade e humor terreno.
O amor floresceu no contraste, como a hera que cresce entre as fendas da pedra. Foi na maneira como Lorenzo limpou o suor da testa de Rico com um lenço de linho após um dia de conserto no barco. Foi no modo como Rico decorou a pequena varanda de Lorenzo com conchas e pedras que encontraram na praia, um pedaço do presente para o homem que vivia no passado.
Uma noite, sob um céu salpicado de estrelas, sentados no deque do barco de Rico, Lorenzo pegou a mão calejada do pescador.
“Você sabe”, sussurrou Lorenzo, seus dedos entrelaçando-se com os de Rico, “passei a vida inteira estudando a beleza em museus. Mas a beleza mais verdadeira que já encontrei está aqui, nesta varanda improvisada, com você.”
Rico não disse nada. Aperitou a mão de Lorenzo e apontou para o horizonte, onde a lua pintava uma trilha de prata sobre o mar. Ele, que sempre soube ler as marés e os ventos, havia finalmente aprendido a ler o mapa de um coração. E Lorenzo, que sempre buscou histórias em antigas paredes, havia encontrado a sua própria história, escrita não em tinta, mas no sal do mar e no calor de uma mão que o impedia de cair.