Dylan Segundo and Dylan Sins fuck

**O Relojoeiro e o Demolidor**
Dylan Segundo era um homem do tempo. Herdou do avô uma relojoaria antiga, onde passava os dias entre tique-taques sussurrantes e mecanismos delicados. Ele acreditava que tudo podia ser consertado, que toda peça tinha seu lugar, e que a vida, como um bom relógio, podia ser compreendida e ajustada. Sua existência era um ritual de precisão e paciência.
Dylan Sins era um furacão de entropia. Trabalhava como demolidor controlado, especialista em derrubar edifícios antigos com a precisão de um cirurgião. Ele via beleza no colapso, na poeira que assentava, no espaço vazio que uma estrutura outrora imponente deixava para trás. Sua filosofia era simples: para que algo novo nasça, algo velho deve morrer.
O destino os colocou em lados opostos da mesma rua. A relojoaria de Dylan Segundo ficava em um prédio centenário, marcado para ser demolido. A empresa de Dylan Sins tinha o contrato.
O primeiro encontro foi uma colisão de mundos. Dylan Sins entrou na loja para notificar o prazo final, suas botas sujas de terra trazendo o caos exterior para dentro daquele santuário ordenado.
“O senhor tem trinta dias para desocupar”, disse Sins, sua voz um baixo constante que fez os cristais dos relógios de parede vibrarem levemente.
Segundo olhou para ele por cima de seus óculos de aumento, as mãos imersas nas entranhas de um relógio de bolso do século XIX. “Tudo tem conserto. Até este prédio.”
“Algumas coisas estão além do conserto, senhor Segundo. Estão além do tempo.”
Aquela frase ecoou na mente de Segundo nos dias que se seguiram. Ele observava Sins e sua equipe do outro lado da rua, estudando plantas, calculando cargas. Havia uma brutalidade poética em seu trabalho, uma reverência pelo fim das coisas que Segundo nunca considerara.
Curioso, ele começou a levar café para Sins durante seus intervalos. Inicialmente, o demolidor era desconfiado. Mas aos poucos, a quietude de Segundo começou a acalmar sua própria tempestade interior.
Sins, por sua vez, começou a frequentar a relojoaria depois do trabalho, fascinado pelas mãos hábeis de Segundo que montavam e desmontavam universos em miniatura. Ele via naquela paciência infinita o oposto de sua própria vocação para o caos.
Na véspera da demolição, Sins encontrou Segundo sentado no balcão, olhando para um relógio de pêndulo parado.
“Ele pertenceu ao meu avô”, disse Segundo. “Parou no dia em que ele morreu. Nunca consegui fazê-lo funcionar novamente.”
Sins observou o relógio por um longo momento. Então, com um gesto surpreendentemente gentil, colocou a mão na caixa de madeira maciça. “Talvez ele não deva funcionar. Talvez seu tempo simplesmente… acabou.”
Segundo olhou para Sins, e pela primeira vez, não viu um destruidor. Viu um homem que entendia o ciclo das coisas, que respeitava o fim tanto quanto ele respeitava a continuidade.
No dia em que o prédio deveria cair, algo mudou. Sins desativou as cargas. Ele não conseguiu. A relojoaria não era apenas uma estrutura; era um coração batendo no centro da cidade, era a história de Segundo.
“Encontrei uma falha nas fundações”, mentiu Sins para seus chefes. “Precisamos de mais tempo.”
Segundo soube da verdade. E naquela noite, entre as ferramentas e os relógios adormecidos, os dois Dylans se encontraram – não como relojoeiro e demolidor, mas como duas almas que aprenderam que o amor não é sobre consertar ou destruir, mas sobre encontrar alguém que faz você questionar tudo o que sempre acreditou.
E no silêncio da loja, o relógio de pêndulo do avô, contra todas as probabilidades, deu um único e profundo *tique*.