Dante shares his hole and gets fucked

**O Jardineiro das Palavras**
Dante via o mundo através de vírgulas e pontos finais. Era um revisor de textos, um caçador de erros de digitação e construtor de frases. Sua vida era um silêncio habitado por livros, uma existência tranquila entre parágrafos e margens, onde a maior emoção era encontrar uma metáfora perfeita.
Seu mundo de tinta e papel ganhou uma rachadura no dia em que Leo se mudou para o apartamento ao lado. Leo era o oposto do silêncio. Músico de rua, ele carregava um violão desgastado, risada fácil e o hábito de cantarolar no corredor. O som da vida, pura e simples, invade a bolha de Dante.
Inicialmente, Dante via aquilo como uma invasão. Até que, uma tarde, uma música em particular atravessou a parede. Era uma melodia triste e bela, que falava de saudades de um lugar que nunca se havia ido. Dante, que consertava as palavras dos outros, sentiu uma pontada de uma história que ele gostaria de contar.
Corajoso pelo isolamento, foi até a porta de Leo. “Desculpe interromper”, disse, hesitante. “Mas… qual é o nome dessa música?”
Leo sorriu, sem surpresa. “É ‘A Cidade que Habito’. Ainda não está terminada.”
Dante voltou para seu apartamento, mas a melodia não saía de sua cabeça. Naquela noite, ele não conseguiu revisar. Em vez disso, pegou um caderno em branco e começou a escrever. Não para corrigir, mas para criar. Escreveu versos sobre a solidão que precede a chegada, sobre o barulho que se torna música.
No dia seguinte, entregou a folha para Leo. “Pensei que poderia ajudar com as palavras.”
Leo leu em silêncio, seu rosto mudando de expressão. Quando ergueu os olhos, estavam marejados. “Ninguém nunca… entendeu a melodia assim.”
A partir daí, uma nova rotina nasceu. Dante escrevia letras. Leo compunha canções. A parede que os separava tornou-se uma ponte. O silêncio de Dante ganhou uma trilha sonora, e a música de Leo ganhou uma profundidade que não tinha antes.
Num sábado à noite, Leo bateu à sua porta. “Vem comigo”, pediu.
Ele levou Dante até a praça onde costumava tocar. Sob o céu estrelado, diante de estranhos, Leo cantou a primeira música que haviam criado juntos. A voz dele era forte e doce, e as palavras de Dante ganharam vida, tocando o coração de todos que ouviam.
Quando a música terminou, Leo olhou diretamente para Dante no meio da pequena plateia. “Esta é para o homem que ensinou minhas notas a falar.”
Dante não era mais apenas um revisor. Era um coautor. Naquela noite, sob as estrelas, ele entendeu que passara a vida todo corrigindo histórias, quando o que realmente queria era viver a sua própria. E ela, ele descobriu, tinha a voz e o violão de Leo.