Door Open, Ass Up – Dungeon Style – Cole Crusher, Jack Allen

O vento frio da montanha cortava como uma lâmina, mas Cole Crusher nem sentia. Enfiado até o pescoço na oficina, suas mãos calejadas trabalhavam com uma urgência frenética no motor de um jipe antigo. O cheiro de graxa e gasolina era seu perfume habitual. Ele era um furacão de ferramentas e peças, um solitário por excelência. Até aquele dia.
“Ei, o dono do lugar?”
A voz, suave e clara, fez Cole se enroscar ainda mais sobre o motor. Ele grunhiu, um som que poderia significar qualquer coisa.
“Preciso de uma vaga no reboque. Aluguei uma cabana lá no alto, mas o carro decidiu que esta é a sua cova.”
Cole ergueu os olhos. E então, o mundo desacelerou. Na porta da oficina, empoeirada e mal iluminada, estava um homem com um casaco fino demais para o frio e um sorriso que parecia desafiar a penumbra. Jack Allen. Ele não parecia pertencer àquele lugar de óleo e ferro, mas estava ali, tranquilo, com um olhar que não fugia do de Cole.
“O guincho está quebrado,” Cole mentiu, a voz rouca por falta de uso. Queria que aquele estranho incômodo, aquele frio na barriga, fosse embora.
Jack não se abalou. “Então posso esperar.” E, puxando um banco, sentou-se para observar Cole trabalhar, como se aquele fosse o espetáculo mais fascinante do mundo.
Os dias se arrastaram. O carro de Jack, um sedã urbano e indefeso, teimava em não funcionar. E Jack, com uma paciência que irritava e fascinava Cole, aparecia todos os dias. Trazia café em dois termospois percebeu que Cole nunca parava para fazer um. Começou a falar – sobre livros, sobre as estrelas que via à noite na cabana, sobre a vida na cidade que ele trocara por um tempo de solidão criativa. Jack era escritor.
Cole, por sua vez, era um silêncio teimoso. Até que, em uma tarde particularmente frustrante, com as mãos cobertas de sangue de algum arranhão, ele explodiu: “Por que você não desiste? Volta para a cidade, pega um avião, vai embora!”
Jack olhou para ele, sem medo, sem piedade. “Porque a história que eu vim escrever está aqui.”
E Cole entendeu. Não era sobre a cabana, ou a paz das montanhas. Era sobre ele. O furacão encontrou um porto seguro, e a fúria começou a se dissipar.
A primeira vez que Cole riu, foi por causa de uma piada terrível de Jack sobre uma chave-inglesa. O som foi estranho, rouco, mas genuíno. Jack sorriu, como se tivesse ganho um prêmio.
O inverno caiu pesado sobre a montanha, isolando-os do mundo. O carro de Jack, convenientemente, ainda não funcionava. Eles passavam as noites na pequena sala acima da oficina, com Jack lendo trechos de seu livro e Cole consertando coisas, ouvindo cada palavra. Aos poucos, o silêncio de Cole foi preenchido não com solidão, mas com uma presença tranquila.
Foi na véspera do Natal, com a neve batendo na janela, que Jack fechou o caderno. “Está pronto,” ele disse, seus olhos encontrando os de Cole no fogo crepitante. “A história.”
Cole apenas assentiu, o coração batendo forte em seu peito.
“Ela é sobre um homem que conserta tudo, menos a própria vida,” Jack continuou, sua voz um sussurro. “Até que um dia, um forasteiro chega com o coração desregulado e, sem ferramentas nem manual, consegue consertá-lo.”
Cole cruzou a pequena distância entre eles. Suas mãos, sempre firmes com ferramentas, tremiam levemente quando tocaram o rosto de Jack. Não havia mais palavras. O espaço que separava o ruído do silêncio, a ferrugem do polimento, o furacão do porto, foi finalmente fechado num único, terno e demorado beijo.
Na manhã seguinte, o sol brilhava sobre a neve. Jack olhou para o carro, depois para Cole.
“O guincho… ainda está quebrado?” ele perguntou, um sorriso nos lábios.
Cole, de mãos dadas com Jack, olhou para o jipe antigo, agora funcionando perfeitamente, e depois para o homem que havia desmontado e remontado sua alma.
“Para sempre,” Cole respondeu, e pela primeira vez, sua voz não tinha nenhum traço de tempestade. Apenas paz. Apenas amor. O carro poderia esperar. Eles tinham toda uma vida pela frente.