Dominic Barr and Ian Sterling fuck

O aroma de café e baunilha era a trilha sonora constante da “Páginas & Canções”, a livraria acolhedora que Dominic Barr chamava de lar. Era um refúgio de estantes de carvalho, luz suave e o silêncio quebrado apenas pelo sussurro das páginas sendo viradas. Dominic era um homem de rotinas silenciosas; seus dias eram marcados pela organização metódica dos livros e pela paz que encontrava entre as histórias alheias.
Até aquele outono.
Ian Sterling entrou na livraria como um furacão de luz e caos. Trazia consigo o cheiro do ar frio da cidade e uma energia que parecia desafiar a quietude do lugar. Seus olhos, da cor do céu após a tempestade, percorreram as estantes com uma curiosidade insaciável.
“O senhor teria algo de Rimbaud?” perguntou, sua voz um contralto suave que fez Dominic erguer os olhos do balcão.
“Na prateleira de poesia, ao fundo”, respondeu Dominic, com a voz um pouco mais rouca do que gostaria.
Ian não foi apenas naquele dia. Voltou na terça, perguntando por Bukowski. Na quarta, quis discutir a tradução de um soneto de Shakespeare. Todas as tardes, por volta das quatro, a porta da loja tilintava e Ian aparecia, trazendo com ele um pedaço do mundo exterior, histórias de seu trabalho como fotógrafo e uma luz que parecia se irradiar de seu ser.
Dominic, um homem que construía muros ao redor de seu coração com a mesma habilidade com que organizava livros, sentiu esses muros começarem a rachar. Ele, que sempre encontrou conforto na previsibilidade das palavras impressas, estava agora completamente despreparado para a narrativa imprevisível que Ian estava escrevendo em sua vida.
Ian não via apenas um homem quieto e reservado atrás do balcão. Ele via a intensidade nos olhos castanhos de Dominic, a maneira cuidadosa como ele manuseava os livros, como se cada um fosse uma relíquia. Via a paciência e a quieta observação do mundo. E quis saber mais.
Uma tarde de chuva, Ian chegou encharcado, segurando sua câmera como um tesouro.
“Precisava capturar a cidade na chuva”, explicou, com um sorriso que fez o coração de Dominic acelerar. “E… precisava de um lugar seguro para esperar.”
Ficaram na livraria vazia, sentados no chão entre as estantes de ficção estrangeira, compartilhando um termo de chá. Ian falou de seus sonhos, de viajar pelo mundo e congelar momentos em película. Dominic, pela primeira vez, falou de seu medo de que a vida passasse por ele como as páginas de um livro que alguém lesse muito rápido.
“Você não está apenas lendo a história, Dominic”, Ian disse, seu dedo apontando suavemente para o peito de Dominic. “Você está nela.”
Naquela noite, sob a luz suave da livraria, algo mudou. A proximidade era palpável, o ar carregado de todas as palavras não ditas. Ian estendeu a mão e tocou o rosto de Dominic, seu polegar acariciando sua mandíbula.
“Posso?” sussurrou Ian, sua respiração um calor suave contra os lábios de Dominic.
A resposta não veio em palavras. Dominic inclinou-se para a frente, fechando o pequeno espaço entre eles. O beijo foi lento, profundo, uma exploração cuidadosa. Sabia a café, a chuva e a coragem recém-descoberta. Era como encontrar a palavra exata para um sentimento que ele nem sabia ter nome: pertencimento.
O outono deu lugar ao inverno, e a livraria “Páginas & Canções” tornou-se o seu santuário compartilhado. As estantes testemunharam mãos dadas sob o balcão, risadas abafadas na seção de poesia e beijos trocados entre as prateleiras de romance. Dominic ensinou a Ian a beleza da quietude, e Ian mostrou a Dominic a alegria de se deixar levar pela narrativa.