Jeriko Leon (leonjeko) fucks Felippe Masson

O estúdio de Jeriko Leon era um caos organizado. Cavaletes com telas em diversos estágios de conclusão se espalhavam pela claraboia inundada de luz do fim de tarde. Latas de tinta, pincéis e trapos manchados de cores vivas completavam o cenário. Era um reflexo de sua mente: intensa, criativa e um pouco bagunçada. Seu nome artístico, Leonjeko, era uma fusão de sua essência – o leão, por sua juba desgrenhada e coragem, e Jeriko, uma fortaleza que poucos conseguiam penetrar.
Foi nesse santuário de cores que Felippe Masson entrou, trazendo consigo o ar quieto e metódico de um ourives de palavras. Ele era escritor, e sua presença era tão sutil e precisa quanto a ponta seca de uma nanquim sobre papel.
Veio encomendar uma ilustração para a capa de seu novo livro, uma história sobre a quietude dos dias e o barulho avassalador do amor.
Jeriko, com as mãos sujas de azul ultramarino, olhou para o homem de postura ereta e olhar calmo e sentiu algo estranho: uma vontade súbita de colocar ordem no caos.
“Então,” disse Jeriko, esfregando as mãos em um pano. “O que você imagina para a capa?”
Felippe não abriu um documento no celular. Em vez disso, fitou uma tela onde Jeriko trabalhava em uma explosão abstrata de amarelo e laranja.
“Imagine algo que mostre o contraste entre a solidão serena e a tempestade do encontro”, disse Felippe, sua voz um sussurro grave que preencheu o espaço como uma melodia familiar. “Algo como… o silêncio entre duas notas de música.”
A frase ecoou na alma de Jeriko. Ele passou a vida tentando capturar emoções com cores brutas, e ali estava um homem que as definia com a delicadeza de um poeta.
Os encontros para discutir o projeto tornaram-se rotina. Felippe chegava no final da tarde, sempre com dois cafés em um porta-copos de papelão. Ele observava Jeriko trabalhar, e Jeriko, por sua vez, alimentava-se da quietude de Felippe. O artista falava com as mãos, gesticulando cores e formas; o escritor respondia com palavras medidas, cada uma colocada no lugar exato.
Em uma dessas tardes, a luz do entardecer atingiu a pilha de livros no canto do estúdio, iluminando os títulos nas lombadas. Felippe pegou um volume fino.
“Este é o meu primeiro”, disse, passando os dedos sobre a capa. “Sobre a beleza das coisas imperfeitas.”
Jeriko olhou para suas próprias mãos, cravadas de tintas que nunca saíam completamente. “Coisas imperfeitas são as mais interessantes.”
“Exatamente,” Felippe concordou, seu olhar encontrando o de Jeriko. “Elas têm história.”
O projeto da capa foi se moldando. Jeriko criou uma imagem de duas árvores entrelaçadas sob um céu noturno. Uma era forte, com raízes expostas e visíveis (o Leão), a outra, mais delicada, com galhos que se entrelaçavam aos da primeira, formando uma constelação única contra as estrelas (o Ourives das Palavras). Era a representação perfeita do livro, e de algo mais que nenhum dos dois nomeava.
Uma noite, com a capa finalmente pronta e aprovada, Felippe não foi embora. Ficou parado diante da tela, como se a imagem final lhe tivesse roubado as palavras.
“Jeriko,” ele começou, sua voz mais suave que o habitual. “Sabe, passei a vida tentando encontrar a palavra exata para cada coisa. Para a luz do entardecer, para o cheiro da tinta a óleo, para o som da respiração de alguém quando está concentrado.”
Jeriko sentiu o coração acelerar, uma cor nova e sem nome pulsando em seu peito.
“E para isso?” perguntou Jeriko, gestando para o espaço entre eles, que parecia menor do que nunca.
Felippe sorriu, um gesto lento e raro que iluminou seu rosto sério.
“Ainda estou procurando,” ele admitiu. “Mas acho que é uma palavra que se sente, não se diz. Como a sua arte.”
Jeriko não precisou de palavras. Deu um passo à frente, fechando a distância, e seu beijo foi a pincelada final na obra-prima que os dois vinham criando há semanas. Foi um encontro de contrastes: os lábios calejados de Jeriko encontrando os macios de Felippe, o caos colorido do artista se fundindo à poesia contida do escritor.
E no estúdio, envoltos pelo crepúsculo e pelo cheiro do café frio e da tinta, Leonjeko e Felippe Masson descobriram que a história mais bonita não era a que estava no livro, nem a que estava na tela. Era a que estavam começando a escrever juntos, uma história onde o leão encontrava seu poeta, e o poeta, finalmente, encontrava a cor para suas palavras.