Lockie James (lockiejamesxx) gives Andy Lee and Owain Laing (onlyowain) a blowjob

O vento soprava frio nas ruas de Edimburgo, mas Andy Lee não o sentia. Parado diante da vitrine da pequena livraria “O Pássaro Encadernado”, ele não via os romances empilhados, mas sim o reflexo de sua própria vida monótona. Trabalhava como tradutor, imerso em palavras alheias, enquanto as suas próprias pareciam ter se perdido em algum lugar entre o coreano de seus avós e o inglês de sua vida cotidiana.
Foi então que um som diferente cortou o ar. Era uma melodia suave e triste, feita com um instrumento que ele não reconhecia. O som vinha de um beco ao lado da livraria. Curioso, Andy seguiu a música.
Lá, sentado em um banco de pedra, estava um homem com um instrumento de cordas alongado e elegante nas mãos – uma harpa galesa. Seus dedos dançavam sobre as cordas com uma intimidade que era quase um amor físico. Ele tinha cabelos escuros e cacheados que caíam sobre a testa, e olhos da cor do céu antes de uma tempestade. Seu nome, Andy viria a descobrir mais tarde, era Owain Laing.
Owain não estava tocando para a multidão; estava tocando para a cidade, para as pedras antigas, para o vento. E, naquele momento, para Andy. Seus olhos encontraram os de Andy e ele não desviou o olhar. No final da peça, um silêncio constrangedor pairou no ar, quebrado apenas pelos aplausos solitários de Andy.
“É uma *crwth*?”, perguntou Andy, aproximando-se, seu conhecimento de línguas encontrando um termo galês obscuro.
Owain arqueou uma sobrancelha, um sorriso tímido surgindo em seus lábios. “Quase. É uma harpa galesa, uma *telyn*. A *crwth* é um instrumento diferente, mas fico impressionado que você tenha chegado perto.”
A conversa fluiu daquele ponto. Owain era um musicólogo de Cardiff, na Escócia para pesquisar as raízes celtas na música tradicional escocesa. Andy, por sua vez, falou sobre seu trabalho com palavras, sobre como ele as rearrumava, mas raramente as sentia.
“Palavras são como notas,” disse Owain, seus dedos arranhando suavemente uma corda, produzindo um som sussurrante. “Elas não significam muito sozinhas. A magia está na forma como você as junta.”
Nos dias que se seguiram, Andy voltou ao beco. Owain estava sempre lá. Suas conversas se tornaram a parte mais vívida da vida de Andy. Owain falava de reis bárbaros e mitos antigos com uma paixão que era contagiante. Andy, em troca, compartilhava poemas coreanos que traduzia, explicando a beleza intraduzível de certos caracteres. Eles eram dois tradutores: um de melodias, outro de significados.
Um dia, Owain não estava no beco. Andy sentiu uma pontada de pânico irracional. A cidade, de repente, parecia silenciosa demais. Ele foi até a biblioteca onde Owain fazia sua pesquisa e o encontrou, com a cabeça enterrada em um livro enorme.
“Eu não ouvi a música hoje,” disse Andy, sem fôlego.
Owain olhou para cima, e seu rosto iluminou-se de uma forma que fez o coração de Andy acelerar. “Estava tentando traduzir algo para você,” ele confessou, corando ligeiramente. “Mas não em palavras.”
Naquela noite, no calçadão às margens do rio Forth, sob um céu salpicado de estrelas, Owain tocou para ele. A música não era triste como a primeira. Era uma melodia que começava hesitante, como um primeiro encontro, depois ganhava força, tornava-se urgente e apaixonada, para então se estabelecer em uma harmonia profunda e constante. Era uma história sem palavras, e Andy entendeu cada nota. Era a história deles.
Quando a última vibração se dissipou no ar frio da noite, Owain baixou as mãos. “É mais fácil falar com a *telyn* do que com a minha própria voz,” ele sussurrou. “Andy, eu… eu acho que estou te ensinando meu coração em uma língua que só você parece entender.”