Diego Barros – Public toilet cruising and breeding

Diego era um colecionador de momentos. Com sua câmera sempre à mão, ele capturava o mundo em pixels: o sorriso torto de um estranho, a luz da tarde em um muro descascado, a poça perfeita refletindo o céu. Sua vida era um arquivo de beleza efêmera, mas ele mesmo raramente parava para viver dentro daqueles frames.
Barros era o oposto. Ele não coletava momentos; ele os criava. Dono de uma pequena livraria de esquina, chamada “O Esquecido”, seu mundo era feito de papel, tinta e histórias que já haviam sido vividas milhares de vezes. Sua vida era silenciosa, cheirando a papel amarelado e café fresco, um refúgio do barulho da cidade.
Um dia de chuva fina, Diego se enxugou na porta da livraria, buscando abrigo. Ele levantou a câmera quase por instinto, focando na cena através da vitrine embaçada: Barros, absorto na leitura de um livro grosso, com uma xícara fumegante ao lado e um gato dormindo no balcão. Era uma pintura de paz.
O clique da câmera ecoou suavemente na loja silenciosa. Barros ergueu os olhos, não com irritação, mas com curiosidade tranquila.
— Capturando almas hoje? — perguntou, com um sorriso nos olhos.
Diego, pego de surpresa, baixou a câmera.
— Apenas a beleza, quando a vejo — respondeu, corando levemente.
Barros acenou para ele entrar. Naquele dia, Diego não tirou mais fotos. Ele bebeu o café amargo que Barros serviu e ouviu histórias sobre cada canto da livraria, sobre o autor sublinhado em um livro de segunda mão, sobre a história por trás de cada edição rara.
Diego, o caçador de instantes, aprendeu a sentar-se em silêncio. Barros, o guardião de histórias passadas, aprendeu a olhar para a cidade com os olhos de Diego, buscando a beleza no agora.