Angel Elias fucks Oliver Carter

O vento soprava frio nas ruas de pedra de Edinburgh, mas Oliver Carter não o sentia. Encostado à vitrine de uma livraria antiga, seus dedos percorriam as lombadas gastas dos livros, um hábito que acalmava sua alma de escritor em crise. Foi então que ele a viu.
Ela estava do outro lado da rua, uma figura quase etérea contra o cinza da cidade. Cabelos cor de ébano que dançavam com a brisa, olhos claros que pareciam enxergar além do mundo visível. Na mão, ela segurava um velho exemplar de “O Morro dos Ventos Uivantes”, o mesmo que Oliver tinha em casa, com as mesmas páginas amarelas e a mesma dedicatória misteriosa que sempre o intrigara.
O sinal abriu e o fluxo de pessoas os carregou. Por um instante, seus olhos se encontraram. E algo aconteceu. Não foi um terremoto, nem um clarão. Foi um silêncio. Um silêncio tão profundo e completo no tumulto da cidade que Oliver sentiu que poderia ouvir o próprio coração batendo. Ele a viu sorrir, um gesto pequeno e tímido, antes que a multidão a levasse para longe.
Nos dias seguintes, Oliver voltou ao mesmo lugar, na mesma hora, movido por uma força que não compreendia. E no terceiro dia, ela estava lá, novamente, como se também tivesse seguido um mapa invisível.
— Estou te stalkeando, admito — ele disse, a voz um pouco trêmula, aproximando-se. — Mas é que você carrega meu livro favorito.
Ela ergueu o livro e seu sorriso foi mais largo dessa vez. — É meu também. Mas acho que ele é mais meu do que seu. Veja.
Ela abriu a capa e mostrou a dedicatória: *“Para minha pequena Angel Elias, que sopra ventos de histórias por onde passa. Com amor, Vovó Agnes.”*
Oliver ficou pasmo. Ele tirou de sua mochila seu próprio exemplar, idêntico, e abriu a dedicatória: *“Para meu pequeno Oliver Carter, que um dia irá escrever as suas. Com amor, Vovó Agnes.”*
— Como?! — eles disseram em uníssono, rindo da coincidência impossível.
Angel explicou, com os olhos brilhando: — Minha avó era uma livreira incrível. Ela dizia que os livros acham seus leitores, e que alguns leitores são destinados a se encontrar. Ela sempre escrevia dedicatórias idênticas em dois livros iguais e os vendia, dizendo que um dia eles se encontrariam.
— Ela era a Agnes da ‘Livraria do Beco’? — Oliver perguntou, emocionado. Aquele havia sido seu lugar sagrado na infância.
— Sim — sussurrou Angel, uma lágrima teimosa escapando. — Ela faleceu no ano passado. Eu vim de Londres para organizar suas coisas.
Naquele instante, Oliver não viu mais uma desconhecida, mas uma extensão de sua própria história. A avó Agnes havia sido sua mentora, a pessoa que lhe deu seu primeiro diário e lhe disse que suas palavras tinham poder.
O frio de Edinburgh já não importava. Eles passaram horas caminhando, falando sobre a avó Agnes, sobre livros, sobre as histórias que ela havia plantado neles. Oliver contou sobre seu bloqueio criativo, e Angel, uma artista visual, falou sobre suas pinturas que tentavam capturar o vento.
Os dias se transformaram em semanas. Oliver escrevia pela manhã e lia para Angel à tarde. Ela pintava, e suas telas—abstratas e cheias de movimento—inspiravam suas palavras. Eles eram duas partes de uma mesma história, finalmente unidas. A avó Agnes não havia apenas lhes dado um amor por livros; ela lhes havia dado um ao outro.
Uma noite, no calçadão que overlooks a cidade, com o castilho iluminado ao fundo, Oliver segurou as mãos de Angel.
— Eu não acredito em destino — ele começou, nervoso. — Acredito em escolhas. E escolhi voltar para aquela esquina todos os dias para te encontrar. Escolho te ouvir todas as manhãs. Escolho te amar.
Angel não disse nada. Em vez disso, colocou a mão no rosto dele, seus dedos frios aquecendo-se contra sua pele. Seus olhos claros encontraram os dele, e no silêncio que se seguiu, ele leu toda a resposta de que precisava.
— Minha avó não nos deu um livro, Oliver — ela disse, sua voz um fio de vento suave. — Ela nos deu um prólogo.
E quando se beijaram, sob o céu escocês salpicado de estrelas, Oliver e Angel entenderam. O amor não era uma tempestade repentina, mas o encontro tranquilo de duas histórias que, sem saber, sempre foram escritas para serem lidas juntas. Era o final de um capítulo de solidão e o início belo e promissor de uma nova obra, assinada por ambos.