Carmona and Marcelo Russo jerk together – army of two

O Mercado Municipal era um universo em si mesmo, um balé caótico de carrinhos de mão, gritos dos feirantes e o cheiro intoxicante de especiarias, peixe fresco e fruta madura. E no coração desse caos, Carmona reinava sobre sua barraca de ervas e temperos. Saquinhos de alecrim, tomilho, pimentas vermelhas penduradas como enfeites, e o aroma de orégãos e cominho dançava no ar ao seu redor. Ela tinha as mãos sábias de quem conhece a terra, os olhos amendoados que pareciam discernir o segredo de cada cliente, e uma paciência infinita.
Marcelo Russo era um contraponto. Um chef renomado, dono do restaurante italiano mais chique da cidade, “Il Russante”. Seu mundo era de aços inoxidáveis, molhos reduzidos com precisão cirúrgica e críticas de gastronomia de cinco estrelas. Ele entrava no mercado como um general em campo alheio, lista na mão, ar de urgência e zero tolerância para conversa fiada.
Todas as quintas-feiras, era a mesma dança. Ele chegava à barraca de Carmona.
“Manjericão. O mais fresco. Sem demora,” ele dizia, olhando o relógio.
Ela, sem se perturbar, pegava um maço, cheirava com dramaticidade e o colocava diante dele.
“Este não está bom o suficiente para o grande Chef Russo. Espera aí.”
E sumia entre as pilhas de caixas, deixando Marcelo à beira de um ataque de nervos. Ela sempre voltava com um maço perfeito, colhido de um lugar secreto que só ela conhecia.
“Por que você não me dá logo esse da primeira vez?”, ele resmungava, pagando.
“Porque a pressa é inimiga do tempero, chef”, ela respondia com um sorriso tranquilo. “E você precisa aprender a desacelerar.”
Ele odiava aquilo. Odeava ainda mais o fato de que seus risottos e molhos pesto nunca tinham sabido tão bem antes de ele começar a comprar os temperos dela.
Um dia de tempestade, o mercado estava estranhamente vazio. Marcelo chegou encharcado, mal-humorado como sempre. Carmona estava arrumando seus saquinhos, a radiozinha tocando uma canção de amor antiga em italiano.