Alejo Ospina gets fucked by Dom King yet again

O vento soprava frio nas ruas de pedra de Montreal, mas Alejo Ospina mal sentia. Seus dedos, entorpecidos pelo final de tarde de outono, apertavam o caderno de esboços contra o peito como um talismã. Ele estava ali por um sonho: um mestrado em belas-artes que, às vezes, parecia maior do que ele.
Foi ao cruzar a rue Saint-Denis, distraído, que o mundo desabou. A tampa de uma caixa de acrílicas se soltou, e tubos de tinta colorida rolaram pela calçada como fugitivos alegres. Alejo gritou um “Não!” desesperado e se ajoelhou, tentando salvar seu material caro do destino de serem pisoteados.
Foi quando um par de tênis pretos, imaculados, parou diante de um tubo de azul ultramarino. Uma mão grande, de dedos longos e fortes, pegou a tinta antes que ela rolasse para o bueiro.
“Parece que você está tendo um dia mais colorido do que planejou,” disse uma voz, profunda e suave, com um sotaque americano que contrastava com o francês de fundo.
Alejo ergueu os olhos. O homem era alto, com ombros largos que preenchiam um casaco de lã elegante. Seus olhos eram da cor do âmbar, e um sorriso quase imperceptível brincava em seus lábios. Ele não era apenas bonito; era uma presença que preenchia o espaço ao redor.
“É… o azul ultramarino é caro,” foi tudo que Alejo conseguiu dizer, sentindo-se um idiota.
O homem estendeu a tinta e, então, recolheu mais algumas – o carmim, o amarelo de cádmio. “Dom,” disse ele, simplesmente. “Dom King.”
“Alejo. Alejo Ospina.” Seus dedos se tocaram ao passar os tubos, e um calafrio inexplicável, nada relacionado ao frio, percorreu a espinha de Alejo.
Dom não foi embora. Ajudou a recolher tudo e, então, fez a pergunta que mudaria tudo: “Deixe-me compensar pelo susto. Um café? Sei de um lugar quieto por aqui.”
O café transformou-se em jantar, e o jantar em longas caminhadas pela Vieux-Montreal. Alejo, usualmente reservado, descobriu que as palavras saíam com facilidade. Falou de sua Colômbia distante, das cores vibrantes de sua terra que tentava capturar na tela. Dom, por sua vez, era uma tempestade calma. Contou que era um empresário de tecnologia de São Francisco, em Montreal para fechar um contrato, mas sua verdadeira paixão era a fotografia. Mostrou suas fotos no telefone: imagens em preto e branco que capturavam sombras, solidão e uma beleza austera que fez o coração de Alejo apertar.
Eles eram opostos. Alejo pintava a vida em explosões de cor; Dom congelava-a em nuances de cinza. Alejo era emotivo e impulsivo; Dom, metódico e contido. Mas naquela diferença havia uma atração irresistível, um desejo de preencher os espaços vazios um do outro.
A semana de Dom em Montreal se estendeu para duas. Eles exploraram galerias de arte, discutiram sobre luz e composição, e riram até doerem suas barrigas. Dom comprou um pequeno sketchbook e passou a desenhar Alejo enquanto ele pintava, capturando suas expressões de concentração, a maneira como ele mordia o lábio quando estava frustrado.
Uma noite, em frente ao Rio São Lourenço, sob um céu pintado de roxo e laranja, Dom quebrou o protocolo. “Eu não acredito em amor à primeira vista,” ele disse, suas palavras formando nuvens de vapor no ar frio. “Acredito em reconhecimento. É como olhar para uma fotografia desfocada e, de repente, alguém gira o anel de foco. E tudo fica nítido. Alejo, você girou meu anel de foco.”
Alejo não conseguiu responder com palavras. Sua resposta foi um beijo, lento e profundo, que sabia a café e a futuro. O mundo ao redor, com seus sons e cheiros, desvaneceu-se. Existia apenas o calor de Dom contra ele, a textura de seu casaco entre seus dedos, a promessa silenciosa daquilo que estavam se tornando.
Mas o mundo real é implacável. O contrato de Dom terminou, e seu mundo estava em San Francisco. O aeroporto foi um corte limpo e doloroso.
“É só uma tela em branco,” sussurrou Dom, segurando o rosto de Alejo entre as mãos. “Não é o fim da pintura.”
A distância tentou ser cruel. Eles lutaram contra fusos horários, contra a saudade que doía fisicamente. Alejo mergulhou em suas telas, e todas elas, inevitavelmente, tornaram-se homenagens a Dom – tons de âmbar e cinza invadindo suas cores tropicais. Dom enviava fotos diárias: sua mesa de trabalho, o céu de São Francisco, sempre com a legenda “Um dia mais perto de você”.
Dois meses depois, em uma manhã gélida de dezembro, a campainha do pequeno apartamento de Alejo tocou. Ao abrir a porta, ele viu Dom King de pé, com uma mala e um rolo grande sob o braço.
“Eu desfiz o foco again,” Dom disse, seu sorriso tão caloroso quanto Alejo se lembrava. “Transferi minha base para Montreal. A empresa pode funcionar de qualquer lugar. Mas eu não.”
Desenrolou o rolo que trazia. Era uma fotografia em preto e branco, ampliada e impressa na melhor qualidade. A imagem era de Alejo, distraído, pintando em seu estúdio, com a luz da tarde iluminando seu perfil. Era íntima, pessoal e profundamente amorosa. No canto inferior direito, Dom havia escrito: “O meu lugar é onde você está.”
Naquela noite, no aconchego do apartamento, com a neve começando a cair do lado de fora, Alejo pegou seu pincel mais fino e uma pequena porção de tinta azul ultramarino. No canto da fotografia em preto e branco, ele pintou com cuidado um pequeno tubo de tinta azul caído no chão, criando o único ponto de cor naquela imagem.
Era a sua história. Um acidente feliz, uma cor inesperada em uma paisagem em preto e branco. Eles se encaixaram, não por serem iguais, mas porque suas diferenças eram as pinceladas que faltavam na obra de arte um do outro. Juntos, a tela estava completa.