Sean Xavier Gives His Ass To Michael Lucas – C

O silêncio da livraria era quebrado apenas pelo som suave de jazz que saía das caixas de som e pelo virar ocasional de uma página. Era o refúgio de Sean Xavier, um lugar onde as histórias dos outros podiam abafar a confusão da sua própria mente. Ele trabalhava lá, organizando estantes e recomendando clássicos esquecidos para clientes perdidos.
Foi entre as prateleiras de literatura russa que ele viu Michael Lucas pela primeira vez. Não era uma visão dramática, não havia raios de sol iluminando-o como num filme. Ele estava simplesmente lá, de jeans e suéter verde, concentrado na contracapa de um Dostoiévsky, com uma leve ruga de concentração na testa. Seus olhos eram da cor do carvalho e pareciam sérios, mas gentis.
Sean, movido por um impulso que não era profissional, se aproximou.
— “Os Irmãos Karamázov” é pesado para um primeiro encontro com o autor — disse, tentando soar descontraído.
Michael ergueu os olhos, e a ruga na testa deu lugar a um sorriso tímido.
— É um reencontro, na verdade. Precisei de uma década e um pouco mais de coragem para tentar de novo.
Aquele foi o início. Michael começou a aparecer toda quinta-feira, sempre por volta das cinco da tarde. Sean descobria que ele era arquiteto, que amava café amargo e que tinha um gato chamado Tchaikovsky. Michael descobria que Sean sonhava em ser escritor, que tinha um talento terrível para fazer bolos queimados e uma coleção de canetas-tinteiro vintage.