Ander Vizallati and Roque Rems flip fuck

O navio de pesquisa oceanográfica “Abismo Prateado” cortava as águas gélidas do Atlântico Norte com a precisão de um bisturi. A bordo, Ander Vizallati ajustou os óculos de aro fino e analisou as leituras do sonar. Seus dedos, mais acostumados a manusear livros raros e artefatos históricos do que equipamentos de alta tecnologia, tremiam levemente. Ele era um historiador especializado em naufrágios, um poeta do passado, não um homem de ação. Mas aquele naufrágio em específico, o Serenata de Aço, um cargueiro desaparecido em 1942 com um segredo que poderia reescrever um capítulo da Segunda Guerra, era sua obsessão há uma década.
Para encontrá-lo, no entanto, ele precisava de Roque Rems.
Roque era a antítese de Ander. Enquanto Ander era elegância e reflexão, Roque era força bruta e intuição prática. Seus braços eram mapas de veias salientes e músculos definidos por anos de mergulho em águas traiçoeiras. Seu rosto era marcado pelo sal e pelo sol, e seus olhos claros pareciam enxergar através da turbidez do oceano. Ele comandava a operação de resgate com uma voz calma que não admitia questionamentos.
“O robô de varredura identificou uma anomalia a trezentos metros, na encosta do cânion,” anunciou Roque, entrando na sala de controle sem fazer barulho. Ander sobressaltou-se. A presença de Roque sempre o afetava de um modo que ele não conseguia, ou não queria, decifrar. Era como se o homem carregasse consigo a própria energia do mar – imprevisível e avassaladora.