Ken Ott and Jay Stroke fuck – Let him have it

O estúdio de Ken Ott cheirava a tinta a óleo e aguarrás. Era um caos organizado de telas, pincéis e cores vibrantes transbordando de potes. Ken, com suas mãos sempre manchadas de azul ou carmim, era um furacão de expressão, capturando a emoção crua do mundo em suas pinturas abstratas. Mas, por trás da explosão de cores, havia uma solidão silenciosa. Sua arte era seu refúgio, mas também sua prisão.
Do outro lado do corredor do prédio industrial que abrigava seus estúdios, o som era metódico, quase hipnótico. Scrape… scrape… scrape… Era o som das ferramentas de Jay Stroke entalhando madeira. Jay era um escultor de mãos calmas e olhar paciente. De um bloco de madeira maciça e sem forma, ele extraía curvas suaves, formas fluidas que pareciam ter sempre estado lá, esperando por ele para libertá-las. Seu mundo era de silêncio, paciência e poeira de carvalho.
Eles se cruzavam no corredor, às vezes na cafeteria do térreo. Um aceno de cabeça, um “oi” morno. Obras diferentes, mundos diferentes. Ken via Jay como muito lento, muito contido. Jay via Ken como muito barulhento, muito caótico.
Tudo mudou em uma noite de tempestade, quando a energia do prédio caiu. Ken, frustrado por não conseguir misturar as cores certas à luz de velas, saiu para respirar no corredor e encontrou Jay sentado no chão, admirando a sombra de uma de suas esculturas dançando na parede à luz de uma lanterna.
— É linda — Ken disse, surpreso pela própria voz. — A sombra… é como se fosse outra escultura.
Jay olhou para cima e surpreendeu um sorriso. — A madeira me mostrou essa forma. Eu só a trouxe para fora.
Aquela noite, à luz tremula, eles começaram a falar. Ken falou sobre a fúria das cores, a necessidade de extrair a emoção de dentro para fora de uma vez. Jay falou sobre a quietude da madeira, a paciência de ouvir a história que ela quer contar.
Ken convidou Jay para ver seu estúdio. Jay apontou para uma explosão de tinta amarela em uma tela e disse: — Isso tem a mesma curva do pescoço do cisne que estou esculpindo.
Jay mostrou a Ken seu trabalho. Ken correu os dedos sobre a madeira polida de uma escultura e sussurrou: — Isso… isso é azul. Um azul muito profundo e calmo.
Eles começaram a se visitar. Ken pintava ao lado de Jay enquanto ele esculpia. A música alta de Ken se fundia com o scrape suave das ferramentas de Jay. Ken começou a aprender a pausa. Jay começou a aprender o impulso.
Um dia, Ken chegou ao estúdio de Jay com uma pequena tela. Nela, ele havia pintado não uma explosão de cor, mas uma única forma orgânica e suave, uma curva que lembrava o trabalho de Jay, usando apenas cinquenta tons de um mesmo marrom tranquilo.
— É para você — disse Ken, algo vulnerável em sua voz normalmente tão confiante. — É a forma que eu vejo quando te observo trabalhar.
Jay ficou em silêncio por um longo momento. Então, pegou um pequeno bloco de madeira de nogueira e um cinzel. Dias depois, ele entregou a Ken uma pequena escultura. Não era uma forma suave, mas uma torrente dinâmica de linhas entrelaçadas, cheia de energia e movimento, pintada com finas camadas de tinta dourada e carmesim.
— É você — disse Jay, simplesmente.
Ken segurou a escultura, sentindo a energia contida nela, vendo suas próprias cores na paciência da madeira de Jay. Naquele momento, não havia mais dois artistas, dois estúdios ou dois mundos. Havia apenas Ken Ott e Jay Stroke, duas formas de ver a beleza que, juntas, criavam uma nova obra de arte, mais completa e mais verdadeira do que qualquer uma poderia ser sozinha. E no silêncio compartilhado, descobriram que a maior obra-prima não estava em nenhuma tela ou bloco de madeira, mas no espaço entrelaçado entre suas mãos.