10 Loads For 10 Years – SFBayStudMonkey and Southern Top
O mundo de SFBayStudMonkey – “Monkey” para os íntimos que ele não tinha – era de concreto, aço e Wi-Fi de 5G. Ele era um prodígio do tech, um menino de ouro do Vale do Silício que codificava o futuro em um laptop brilhante, morava em um cubo de vidro com vista para a baía e cuja vida social acontecia principalmente em fóruns anônimos. Sua existência era otimizada, assexuada e incrivelmente, agonizantemente, solitária.
O mundo de Southern era de terra vermelha, suor sob o sol e a lenta passagem do tempo. Ele era herdeiro de uma fazenda de pêssegos na Geórgia, um homem que sabia a diferença entre um céu de chuva e um de tormenta pelo cheiro do vento. Sua vida era desacelerada, enraizada e cheia da mesma rotina que confortava e sufocava.
Seus mundos colidiram em um fórum obscuro sobre mitologia grega. Monkey, sob o pseudônimo de *SFBayStudMonkey*, postou uma análise cerebralmente densa sobre a tragédia de Ícaro. *Southern*, com sua calma digital característica, respondeu: “O menino não estava cego pela ambição. Estava apenas cansado do chão.”
Aquela simples frase atingiu Monkey como um raio. Ele vasculhou o perfil de Southern – fotos de pêssegos maduros, o céu cor de pêssego no entardecer, a asa de um celeiro precisando de um novo banco de tinta. Era um universo completamente alienígena. E era lindo.
A conversa fluiu de DMs para mensagens de texto, depois para ligações que duravam horas. Monkey falava sobre algoritmos e solidão urbana; Southern falava sobre a colheita e a quietude que podia ser tanto um abraço quanto uma prisão. Eles eram um estudo em contrastes: o ritmo frenético de Monkey encontrava a calmaria profunda de Southern. A linguagem técnica de Monkey era desarmada pela poesia simples de Southern.
“Você deveria vir até aqui,” Southern disse uma noite, sua voz um sussurro carregado pelo sinal de celular. “Ver um pêssego crescer na árvore. É mais lento do que qualquer código que você vai escrever.”
“Eu não sei nada sobre… terra,” Monkey admitiu, um frio na espinha que não era de medo, mas de desejo.
“E eu não sei nada sobre códigos. Acho que estamos quites.”
A viagem de Monkey para a Geórgia foi uma descida a um planeta diferente. O ar era pesado e doce, o silêncio era absoluto à noite. Southern o recebeu no portão de terra batida, tão sólido e real quanto nas fotos, suas mãos calejadas envolvendo as de Monkey, que nunca haviam segurado nada mais pesado que um controle de videogame.
Nos dias que se seguiram, Monkey trocou a luz azul das telas pelo dourado do sol. Aprendeu a colher pêssegos sem os amassar, a sentir o cheiro da chuva chegando. Southern, por sua vez, riu das piadas nerds de Monkey, ouviu falar de um mundo de possibilidades infinitas e sentiu o gelo de sua própria solidão começar a derreter sob o calor daquela atenção estranha e focada.
O amor não foi sobre consertar um ao outro, mas sobre oferecer um refúgio. Monkey encontrou um porto seguro longe da pressão do Vale. Southern encontrou uma janela para um mundo maior, sem ter que sair de casa.
Na última noite de Monkey, eles estavam sentados no alpendre, vendo os vaga-lumes pintarem o céu.
“Meu voo é amanhã cedo,” Monkey disse, sua voz quase sumindo no coro dos grilos.
Southern ficou em silêncio por um longo momento. “Você pertence àquele mundo, Monkey. À velocidade. Às luzes.”
Monkey olhou para as mãos dele, que já não pareciam tão estranhas naquele lugar. “Eu pensei que sim,” ele sussurrou. “Mas agora… agora eu me pergunto se eu só estava tentando voar alto para evitar admitir que precisava de um lugar para pousar.”
Southern virou-se para ele, seus olhos refletindo a luz suave do alpendre. E naquele olhar, Monkey não viu o fazendeiro, o estranho, o oposto. Viu o chão. Um chão sólido, quente e que, finalmente, fazia sentido.
Ele não precisou dizer nada. Southern estendeu a mão, e Monkey a tomou. O código estava quebrado. O algoritmo era simples: era amor.




